O mais recente levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trouxe à tona dados reveladores sobre a composição étnico-racial da população brasileira. De acordo com o Censo de 2022, 55% dos brasileiros agora se identificam como ‘preto’ ou ‘pardo’, um salto notável em comparação com décadas anteriores. Este número se desmembra em 45,3% se declarando pardos e 10,2% pretos – um aumento significativo desde 1991, quando a proporção de pretos era consideravelmente menor.
Transformação em Passo Fundo
Especificamente em Passo Fundo, a mudança é igualmente expressiva. Comparando-se os dados do Censo de 2010 com os de 2022, nota-se que agora 21,6% da população da cidade se identifica como preta ou parda, um aumento de mais de 5% em relação a 2010, quando esta parcela representava pouco mais de 16,3%.
Jorge Benhur Bilhar, coordenador regional do IBGE em Passo Fundo, enfatiza a importância desse crescimento. Ele explica que a autodeclaração de cor e raça é um processo livre de influências externas, refletindo a percepção individual de cada cidadão.
Visão de um Ativista
Ipácio Carolino, um destacado ativista do movimento negro em Passo Fundo, vê os novos dados com otimismo. Ele atribui esse aumento à combinação de diversos fatores, incluindo a taxa de natalidade na comunidade negra, a chegada de imigrantes africanos e, crucialmente, um crescente reconhecimento e valorização da identidade negra e parda. Carolino ressalta que esse despertar de consciência é vital não só para o reconhecimento por outros, mas também para a autoaceitação.
Esses números, na visão de Carolino, são fundamentais para orientar políticas públicas mais eficazes, especialmente nas áreas de saúde e emprego. Ele também aponta para a educação como um fator chave na mudança de percepção e auto-reconhecimento das pessoas negras e pardas.
Curiosidades Demográficas
- Um dado intrigante do Censo 2022 é o aumento significativo de pessoas que se declararam indígenas em Passo Fundo: de 190 em 2010 para 331 em 2022. Apesar do crescimento em números absolutos, eles ainda representam menos de 1% da população local.
- Houve uma diminuição no número de pessoas que se identificam como amarelas, de 563 em 2010 para 117 em 2022.
- Comparando-se Passo Fundo com o estado do Rio Grande do Sul como um todo, ambos apresentam percentuais similares de população que se declara preta ou parda, superando 21%.
Conclusão
Estes dados refletem uma transformação social significativa no Brasil, particularmente em cidades como Passo Fundo. A crescente aceitação e reconhecimento das identidades afro-brasileiras apontam para um futuro mais inclusivo e representativo, onde a diversidade é não apenas reconhecida, mas celebrada.
Passo Fundo - RS 